quarta-feira, 14 de julho de 2010

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO- Resumo
Pág. 3-6
1. Conceito:
• Abordagem para a compreensão da criança e do adolescente. Explicação de como as crianças mudam no tempo e como as mudanças podem ser descritas e compreendidas.

1.1. Psicologia infantil:
 Ciência que pretende descrever e explicar os eventos ocorridos durante a infância, adolescência ou idade adulta; tenciona conhecer os processos internos que direcionam o comportamento infantil.
Pág. 6-15
2. O desenvolvimento humano:
Desenvolvimento é um processo que decorre de fatores biológicos (inatos) e ambientais. Há duas correntes de estudos nessa área:
• Inatistas: “o sujeito nasce pronto”;
• Ambientalistas: “priorizam fatores ambientais. São ambientalistas os behavioristas (Skiner e Watson: “A ação do sujeito depende do estímulo externo”) e os integracionistas (“a criança é um ser ativo que interage com o ambiente”).

2.1. O desenvolvimento e o amadurecimento pessoal:
O ritmo e a integração no processo de amadurecimento são fenômenos individuais. O momento da realização da aprendizagem é resultante das características individuais (a aprendizagem depende da maturação neurológica).

 o desenvolvimento motor - gradativo em função da complexidade das tarefas (movimento corporal; expressão gráfica; expressão verbal; expressão corporal)
 o desenvolvimento mental - linguagem egocêntrica (até 5 anos); falar sociocêntrico (a partir dos 7 anos) – “A linguagem socializada é condição necessária para o desenvolvimento das operações mentais”; aumento do raciocínio crítico e questionamentos causa e efeito (9-10 anos); capacidade de auto-controle (adolescência)
 o desenvolvimento emocional – “As emoções são o instrumento por excelência para uma criança revelar-se como pessoa.“ O amor é o sentimento mais importante numa relação entre pais e filhos. Destaca-se também o medo (preservação). As emoções são sempre sociais e voltadas para o outro.
 o desenvolvimento psicossocial – Prazer na satisfação de suas necessidades pessoais (até 5 anos); Convivência com outros da mesma idade e sexo (6-10 anos). A integração no meio escolar implica em ameaça, medo e angústia e carece do apoio incondicional dos pais e educadores.
Pág. 15-18

3. Teoria Psicanalítica de FREUD:

Segundo FREUD a personalidade divide-se em:
• ID – Sistema original, inato do qual surgem o ego e o superego. Reservatório da energia psíquica, que dá força para a operação da personalidade; contém os instintos do sexo e da agressão; não suporta dor ou tensão, desencadeando o “princípio do prazer” (expulsão brusca da tensão); mantém-se praticamente inalterado após os 6 anos, marcado pelos complexos de Édipo (desejo pelo progenitor do sexo oposto) e de Castração (desejo ou medo de perda do órgão sexual masculino); componente biológico da personalidade.

 EGO – Usa a percepção, a memória e o pensamento. Objetiva evitar a descarga das tensões do ID. É o executivo da personalidade (poder de escolha e decisão) e a sede da consciência; a parte modificada do ID por influência do mundo exterior. É o componente psicológico da personalidade.

 SUPEREGO - Representante interno dos valores ideais tradicionais da sociedade. Constitui-se o braço moral da personalidade; representa antes o ideal (perfeição) que o real (prazer); tenta inibir os impulsos do ID (sexo e agressão) condenados pela sociedade. É o componente social da personalidade.
Pág. 19-25
4. Fases psicossexuais do desenvolvimento:

 Oral (de 0 a 18 meses) – concentração do prazer e redução da tensão na boca, lábios, língua, dentes (alimentação).

 Anal (de 18 meses a 3 anos) – controle fisiológico (fezes e urina) como nova fonte de prazer.

 Fálica (de 3 a 7 anos) - focalização das áreas genitais (falo=pênis), quando se tem consciência das diferenças sexuais (1ª etapa do complexo de Édipo)

 Latência (de 7 a 12 anos) – sexualidade adormecida; aquisição de conhecimentos, habilidades e valores; época de repugnância, vergonha, moralidade.

 Genital – (idade adulta) – início da puberdade; busca de satisfação das necessidades eróticas e interpessoais.

Freud denomina “fixação” quando uma pessoa não progride normalmente de uma fase para outra, mas permanece muito envolvida em uma fase particular. Assim, os fumantes, glutões, fofoqueiros, alcoólatras etc são adultos que se fixaram na fase oral; os avarentos, obstinados etc são adultos que se fixaram na fase anal; os impotentes, frígidos, homossexuais são adultos que se fixaram na fase fálica etc....

Pág. 26-32

5. A dinâmica da personalidade:
• Refere-se às formas de liberação ou bloqueio da energia do ID.
• Instintos: forças que atuam nas tensões causadas pelas necessidades do ID.
• Instintos fundamentais: autoconservação (sexo/vida) e destruição (agressão/morte). A energia liberada pelo instinto de conservação é a libido.
• Catexe: processo de liberação da energia do ID.
• Anticatexe: processo de inibição da energia do ID.
• O exterior, o ID e o Superego são forças que ameaçam o EGO causando ansiedade (reação emocional frente à impotência motora ou à situação traumática). Há 3 espécies de ansiedade: real (impotência a forças exteriores que ameaçam sua integridade; neurótica (idem a bloqueio total de uma necessidade do ID) e complexo de culpa (produzido pela consciência moral)

5.1. Mecanismos de defesa do EGO:

• Projeção: ato de “projetar” seus próprios pensamentos, motivações, desejos e sentimentos indesejáveis numa ou mais pessoas;
 Repressão: afastamento de evento, idéia ou percepção causadora da ansiedade, mantendo-a à distância da consciência;
 Formação reativa: inversão do verdadeiro desejo. Ostentação de sentimentos opostos aos verdadeiros impulsos considerados impróprios (rigidez religiosa, promiscuidade , homofobia, tendências homossexuais).
 Sublimação: redirecionamento das energias dos propósitos sexuais ou agressivos para outras finalidades (metas artísticas, intelectuais ou culturais), gerando civilização. A sublimação foi denominada a defesa bem-sucedida.
 Isolamento: repressão do sentimento associado ao conteúdo do impulso.
Pág. 33-38
6. Pressupostos filosóficos e implementações educacionais de Vigostsky:

Nota: Lev S. Vygotsky (Rússia, 17.11.1896-1934), professor e pesquisador, contemporâneo de Piaget; morreu, de tuberculose, aos 37 anos. As contribuições de Vigostsky sofreram influência das seguintes teorias psicológicas:

 Inatismo (inatista = apriorista, nativista): baseia-se na crença de que personalidade, potencial, valores, comportamentos, formas de pensar e de conhecer são inatas, prontas ao nascimento, restando somente o amadurecimento. A educação e a prática escolar pouco ou nada alteram as determinações inatas da pessoa. Concede pouco valor e significativa limitação à educação e ao professor. Agressividade, impetuosidade, sensibilidade, passividade etc são inatos e teem reduzida chance de modificar-se pela educação; o sucesso ou insucesso da aprendizagem depende da inteligência, esforço, atenção, interesse ou maturidade. A responsabilidade está na criança e não na escola ou sociedade. Valoriza o espontaneismo.

 Ambientalismo (ambientalista = associacionista, comportamentalista ou behavoriana): atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das características humanas e privilegia a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamentos. A escola tem poder de formar, transformar o indivíduo e corrigir problemas sociais e é responsável pela preparação moral e intelectual do cidadão. O professor é único detentor do saber, que corrige, avalia e julga o trabalho do aluno. Porém além do aspecto autoritário, o ambientalismo pode fundamentar a prática espontaneísta, na qual a criança constrói conhecimentos através da relação espontânea e livre com o ambiente; nesse caso, o professor é um moderador que permite a descoberta, a criatividade e o interesse infantil.
Pág. 39-40
7. Abordagem sociointeracionista de Vigostsky:

O homem é feito de suas interações sócio-culturais, transformando-se e sendo transformado à medida que convive com o meio. O desenvolvimento humano não é decorrente somente do amadurecimento de fatores biológicos (inatistas), nem da ação controladora dos fatores ambientais (ambientalistas), mas pelas trocas recíprocas estabelecidas ao longo de sua vida com fatores sócio-culturais. O desenvolvimento é promovido pela convivência social, pelo processo de socialização, além das maturações orgânicas.
Pág. 41-42

8. As principais idéias de Vigostsky:

 Relação indivíduo x sociedade: o homem transforma o seu meio, transformando-se a si mesmo;
 Origem cultural das funções psíquicas: originam-se nas relações do indivíduo e seu contexto sócio-cultural;
 Cérebro - base biológica do funcionamento psíquico: é um sistema aberto e sua estrutura e funcionamento são moldados durante a evolução humana e seu desenvolvimento individual;
 Linguagem – característica de mediação: a relação do homem com o mundo é mediada por “ferramentas auxiliares” e a linguagem é a principal delas.
 Características básicas dos processos psicológicos: Os processos psicológicos complexos divergem dos mecanismos elementares e não podem ser reduzidos à “cadeia de reflexos”
Pág 43-44
9. Interação entre aprendizado e desenvolvimento:

Vigostsky definiu:
• Desenvolvimento real: o que a criança consegue resolver sozinha;
• Desenvolvimento potencial: o que a criança consegue resolver com ajuda de adultos ou outros companheiros mais capazes;
• Zona de desenvolvimento proximal: distância entre o real e o potencial.

Cabe ao professor servir de mediador, atuando na zona proximal, com vistas a que a criança saia do nível de desenvolvimento potencial e atinja o nível de desenvolvimento real.
Pág. 44-47
10.O Desenvolvimento segundo Piaget:

10.1. Histórico:
• O pensamento da criança é quantitativamente diferente do adulto;
• O conhecimento se dá pela interação entre a experiência sensorial e o raciocínio;
• O homem nasce bom e se corrompe na sociedade (Lei dos princípios morais);
• O objeto do conhecimento não está no sujeito nem no meio físico e sim no espaço de troca (interação e não interrelação);
• As estruturas mentais são organizadas, não são palpáveis e são elas: estruturas totalmente programadas: o aparelho reprodutor (pronto para operar em determinado período); estruturas parcialmente programadas: o sistema nervoso (desenvolvimento depende da interação com o meio); estruturas nada programadas: estruturas mentais específicas criadas em função da solicitação do meio.
• O estudo do desenvolvimento da criança, segundo Piaget, poderá ajudar o educador nas questões sobre como a criança pensa e que mudanças ocorrem no seu pensamento em diferentes estágios.
Pág. 47-53
10.2. Modelo Piagentino:
A preocupação central de Piaget foi o “sujeito epistêmico” (o estudo do processo de pensamentos presentes, desde a infância até a idade adulta). Piaget apresentou uma visão integracionista (processo ativo de contínua interação). Formulou a epistemologia energética (posição filosófica que busca estudar cientificamente os processos utilizados pelos indivíduos para conhecer a sociedade, e a gênese do conhecimento, submetendo-se às mais variadas formas de estimulação e experimentação no desenvolvimento de crianças de todas as idades. Não propôs método de ensino, mas elaborou teoria do conhecimento e desenvolveu investigações para explicar como o organismo conhece o mundo.

10.3 Conceitos Fundamentais:
 Hereditariedade: o indivíduo herda uma série de estruturas biológicas (sensoriais e neurológicas) que predispõem as estruturas mentais. Herda também a capacidade para a aprendizagem e o desempenho; mas a plena realização depende das condições oferecidas pelo ambiente. A riqueza ou a pobreza de estimulação vão interferir no processo de desenvolvimento da inteligência.

 Adaptação: Piaget valoriza a curiosidade intelectual e a criatividade sugerindo que o ato de conhecer é prazeroso e gratificante, tanto para a criança como para o adolescente e o adulto, e se constitui numa força motivadora para o seu próprio desenvolvimento. O conhecimento possibilita novas formas de interação com o ambiente, proporcionando uma adaptação cada vez mais completa e eficiente.

 Esquema: unidade estrutural básica de pensamento ou de ação que muda e se adapta. Sequência de comportamentos que surgem para solucionar problemas. Unidade estrutural da mente, dinâmica e variada em conteúdo para solução de problemas.
Pág. 54-66
11. Características gerais dos principais períodos de desenvolvimento, segundo Piaget:

O desenvolvimento é o processo de equilíbrio progressivo (forma pela qual o indivíduo lida com a realidade), que tende para a conquista das operações formais.

 Período sensório-motor (0-24 meses): conquista do universo pela percepção simbólica; formação de esquemas sensoriais que permitirão à criança lidar com as situações do ambiente. Conduta social de isolamento (Egocentrismo total, a criança é o centro do universo);

 Período pré-operacional (2-7 anos): conquista gradativa da linguagem como forma de comunicação; aumento do alcance do pensamento ainda preso ao egocentrismo; início do desligamento da família para uma sociedade de outras crianças. Considerada fase de transição dos esquemas sensoriais-motores para os simbólicos. Período da fantasia (desenhos, dramatizações, animismo – dar alma às coisas)

• Período das operações concretas (7-12 anos): declínio do egocentrismo intelectual e social e crescente incremento do pensamento lógico, em função da formação dos esquemas conceituais e mentais verdadeiros (conhecimento real, correto e adequado); desenvolvimento de julgamentos morais; compreensão lógica e adequada da realidade de que é um indivíduo entre outros do universo; Consolidação dos conceitos de nº, substância, volume e peso.

• Período das operações formais (12 anos em diante): capacidade para formar esquemas conceituais abstratos, (sentimentos, ideais, etc), sistemas sociais e morais; busca de identidade e autonomia pessoal. Para Piaget o indivíduo atinge sua forma final de equilíbrio. É o ápice do desenvolvimento da inteligência: a “abertura para todos os possíveis.”
Pág. 67-76

12.O indivíduo como organismo:

“Para Piaget o indivíduo nasce com estruturas que são órgãos (sistema ósseo, linfático, digestivo etc) que total, parcial ou nada programados geneticamente interagem como meio ambiente ao longo de sua vida.

12.1. Inteligência e “conhecimento”: a inteligência adaptativa do indivíduo é o conhecimento no sentido amplo (desenvolvimento); a simples informação do fato é o conhecimento no sentido restrito (aprendizagem).

12.2. Fatores que explicam o desenvolvimento da inteligência: Maturação; experiências com objetos (de natureza física e lógico-matemática); transmissão social e equilibração.

12.3. Duas espécies de abstração:
• Abstração simples: das propriedades observáveis no objeto na realidade externa (cor, textura, peso) obtenível quando a criança age nos objetos e vê sua reação.
• Abstração reflexiva: a criança cria e introduz relações entre os objetos (comparação).

12.4. Maneiras de estruturar o conhecimento:
• o conhecimento lógico-matemático não é diretamente ensinável, porque é construído a partir das relações da criança com os objetos; se desenvolve através da coerência; e, após construído jamais será esquecido.
Pág. 77-final

13. A postura do professor e o vínculo afetivo no desenvolvimento:

 Piaget observou que existem formas diferentes de interagir com o ambiente, nas diversas faixas etárias. A determinadas faixas etárias correspondem determinados tipos de aquisições mentais e de organização destas aquisições, as quais condicionam a atuação da criança, em seu ambiente. A criança constrói sua inteligência à medida que amadurece física e psicologicamente e é estimulada pelo ambiente físico e social.

• A força do professor está no trabalho pedagógico que ele realiza e na relação afetiva que estabelece com os alunos.
• No desenvolvimento do aluno como um todo valorizam-se as situações em sala de aula que: respeite as diferenças; aceitem os erros; valorizam-se os questionamento e as formas de ensino que permitem situações motivadoras de aprendizagem; preocupam-se com a formação integral do aluno e valorizam-se seus conhecimentos e experiências anteriores.

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